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SEGURANÇA DAS EMULSÕES LIPÍDICAS EM NUTRIÇÃO PARENTERAL NA PEDIATRIA

A nutrição parenteral tem como objetivo fornecer nutrientes para pacientes com inadequado aporte nutricional ou que necessitam de terapias específicas focadas em nutrição.

No grupo etário de crianças, incluindo neonatos, muitas vezes existem patologias que com frequência necessitam de nutrição para o adequado aporte de nutrientes, incluindo os ácidos graxos essenciais, já que esses não podem ser produzidos pelo organismo e são de extrema importância para prevenir retardo do crescimento, distúrbios visuais, arritmias, entre outras complicações. Muito se discute sobre a segurança em ofertar lipídios por via intravenosa devido aos efeitos colaterais apresentados em alguns estudos. Na atualidade, devido ao intenso desenvolvimento de novas formulações, pode-se utilizar diversas opções especiais de emulsões lipídicas (EL) com foco no aporte calórico e na composição nutricional, sem causar nenhum dano ao paciente. As EL evoluíram ao longo dos anos de sua utilização. Iniciou-se com o óleo de soja (OS), fonte de triglicerídeos de cadeia longa, proporção de ômega-6: ômega-3 de 7:1 e, por isto classificado como imunossupressor.

A segunda geração de EL surgiu com a associação de OS com triglicérides de cadeia média (TCM) derivados do óleo de coco (OC), que contém uma mistura 50/50 de OS e OC, com redução de 50% do conteúdo de ômega-6. O TCM é facilmente metabolizado e sem propriedades pró-inflamatórias, além de não acumularem no fígado e não prejudicarem a função hepática. Em seguida, surgiram o óleo de oliva (OO) e o óleo de peixe (OP).


O óleo de oliva (OO) é rico em ômega-9, contém somente 5% de ômega-6, tem reduzida propriedade pró-inflamatória e é resistente ao estresse oxidativo dos radicais livres. O óleo de peixe (OP) é menos pró-inflamatório por sua maior concentração de ômega-3, rico em α-tocoferol, um antioxidante dos AG.

Foram observados nos estudos em humanos, no qual receberam EL contendo 100% de OP, que houve a prevenção no desenvolvimento da esteatose hepática sem causar alterações enzimáticas ou clínicas.

Em neonatologia já foram descritas complicações com o uso de nutrição parenteral como a hipertrigliceridemia associada à infusão de EL, que pode predispor a elevação de enzimas hepáticas, hemólise e angústia respiratória e a síndrome da sobrecarga gordurosa que ocorre quando há infusão de EL rápida e/ou em altas doses. A doença hepática associada à falência intestinal (IFALD), mais grave em crianças e comum em prematuros e no uso de nutrição parenteral prolongada, causa colestase intra-hepática com aumento da bilirrubina direta e lesão hepatocelular, podendo levar a mudanças irreversíveis como fibrose e cirrose se não tratada a tempo.

O controle clínico de pacientes crianças, neonatos ou de baixo peso, focado na reversão da IFALD vêm sendo estudado e foi descrito a eficácia da EL contendo OP em prevenir e tratar tais alterações, além de trazer a possibilidade de reintrodução da via digestiva mais precocemente. As emulsões lipídicas nas formulações atuais, aliadas ao adequado controle metabólico e fisiopatológico mostram uma eficácia terapêutica mais embasada e com redução importante de morbidades ou iatrogenias.


Desta forma, é importante salientar que em pediatria o uso de nutrição parenteral individualizada é a melhor indicação clínica em terapia nutricional, com altas necessidades de cálcio e fósforo como no caso de neonatos. Utilizar as EL em formulações mais recentes, inclusive suas misturas com um perfil menos inflamatório e que promovam melhora do quadro clínico são as melhores práticas clínicas, corroboradas nos diversos guidelines de sociedades especializadas. No entanto, estudos ainda são necessários para que se desenvolva a EL ideal, conhecendo nuances especiais e situações individualizadas.



Referência:

Anez-Bustillos L, Dao DT, Baker MA, Fell GL, Puder M, Gura KM. Intravenous fat emulsion formulations for the adult and pediatric patient: understanding the differences. Nutr Clin Pract. 2016; 31(5):596-609.

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